Andar pelas ruas do centro de São Paulo é sempre estar em busca de entretenimento, e as galerias localizadas no Largo do Paissandu, fazem parte desse roteiro. Lá você encontra sempre uma galera em busca de diversão. Eles se reúnem todos os fins de semana nas galerias para fazerem suas compras e se divertirem, mais do que isso, essa galera está sempre em busca de novos utensílios (roupas, calçados, pulseiras, CDs e divulgações de eventos).
Nas galerias como a do “rock” que não é só freqüentada por roqueiros, é comum ver jovens de outras tribos urbanas como regueiros, clubers e rappers.
Fundada no início da década de 80, a galeria tem freqüentadores assíduos, dentre eles, Marcelo Casagrande, 38, que se tornou comerciante e possui uma loja no térreo há 6 anos, aonde o hip hop se destaca com artigos musicais das décadas de setenta e oitenta, voltadas mais para o soul e a Black music. Para Marcelo o rap antes era um funk falado. “No início da década de noventa o rap era saudável e era uma forma de protesto, hoje em dia, o hip hop está banalizado como qualquer outra cultura de periferia. As roupas também era forma de protesto e hoje não passam de moda jovem. A galeria é freqüentada por todos os tipos de classes sociais, coisa que antes não se via, pois só os jovens das periferias visitavam as galerias, hoje, os que têm condições mais elevadas também visitam, mesmo sabendo que a uma forte rejeição
da galera do gueto”, desabafa Marcelo. Além das lojas de roupas e calçados, as galerias também possuem cabeleireiros especializados em cabelos afros, e eles tem clientes famosos como a Negra Li. A maioria das pessoas que frequentam esses cabeleireiros, costumam fazer drads e rastafaris e chegam a desembolsar de 100 a 500 reais em suas cabeleiras, é o que nos relata a cabeleireira Luane Nobre, 19, que trabalha a um ano na Galeria Presidente. Para aqueles que curtem roupas bem despojadas, que é o caso dos jovens da cultura hip hop, você pode encontrar camisetas de seu cantor favorito por R$ 28,00, boné por R$ 30,00, calça larga por R$ 50,00 ou importados em que o preço é bem mais elevado, como um tênis por R$ 310,00, um boné por R$ 100,00 e um relógio por R$ 150,00.
É normal ver famílias passeando pelos corredores das galerias em meio a roqueiros, rappers e regueiros, que são a maioria nesses lugares. “A galeria é um centro cultural, todo mundo se encontra para trocar idéias e informações” diz o músico Erick Marçal, 28 anos.
Muitas lojas de música nas Galerias do Rock e Presidente são também selos musicais e gravadoras como a loja Pegada Preta na Presidente, que tem como sócios Carlos Silva e Davi César que não só vendem roupas e acessórios para o público do rap, como também promovem eventos e shows na cena alternativa do hip hop paulista. Para eles o movimento hip hop é muito descriminado, mas está em evolução.
Do lado da Galeria do Rock e aos fundos da Galeria Presidente, está a Galeria “Olido” que não tem loja de roupas ou cabeleireiros, pois é uma galeria de artes. Nessa galeria acontecem diversos eventos culturais, um lugar importante para a cultura de rua, pois já foi palco de muitas manifestações do hip hop. Nos anos de 1990 nesta galeria acontecia a famosa rinha de mcs (quando um mestre de cerimônia disputa com outro, rimando palavras feitas na hora) e outras manifestações culturais, que ainda acontecem por ali.
Portanto, aqueles que acham que no centro dessa metrópole não tem nada de divertido para se fazer, engana-se, pois as galerias que ficam no centro velho, têm muitas coisas para se vê, sem dizer que é um ótimo roteiro cultural, pois ali você pode fazer suas compras e ainda encontrar os jovens amantes da cena underground e alternativa de São Paulo.
Wellinghton Vicente